Origem da Vida pode estar ligada ao surgimento do campo eletromagnético do Planeta Terra.


Um artigo publicado no mês de junho na revista Scientific American faz uma interessante correlação entre o surgimento do campo eletromagnético terrestre e a origem da vida. Segundo o artigo, desvendar a sequência de fatos que deu origem a esse campo magnético e o mecanismo que o gerou – um dínamo de fluido condutor no núcleo externo da Terra – pode ajudar a limitar a história da origem do planeta, incluindo a influência recíproca dos processos geológico, atmosférico e astronômico que tornaram o mundo habitável.

O potente campo magnético da Terra protege o planeta e seus habitantes do impacto total do vento solar, uma torrente de partículas carregadas que, em planetas menos protegidos como Vênus e Marte, com o passar do tempo eliminou suas reservas de água e degradou suas atmosferas.
 
O geofísico John A. Tarduno, da University of Rochester, e seus colegas apresentaram evidências de que a Terra tinha um dínamo gerador de campo magnético desde 3,45 bilhões de anos atrás, apenas cerca de 1 bilhão de anos após o planeta ter se formado. A nova pesquisa, publicada em 5 de março na revista Science, desloca o registro da origem do campo magnético da Terra para pelo menos 200 milhões de anos antes. Em 2007, outro grupo já havia apresentado evidência similar, proveniente de rochas ligeiramente mais jovens, para a argumentação da existência de um forte campo magnético terrestre há 3,2 bilhões de anos.

Tarduno e seu grupo analisaram rochas do cráton de Kaapvaal, região do extremo sul da África que apresenta uma crosta do início do período Arqueano relativamente bem preservada.

Em 2009 eles descobriram que algumas das rochas foram magnetizadas há 3,45 bilhões de anos – coincidindo, aproximadamente, com as evidências diretas do aparecimento da primeira forma de vida na Terra, há 3,5 bilhões de anos.

O novo estudo examina a força magnética necessária para imprimir magnetismo nas rochas do Kaapvaal e conclui que o campo tinha 50% ou 70% de sua força atual. Esse valor é muitas vezes maior do que o esperado para um campo magnético de origem externa, como o do planeta Vênus, por exemplo, confirmando a presença de um dínamo terrestre interior naquela época.

Os pesquisadores então foram além para verificar com que eficácia o campo poderia manter afastado o vento solar e descobriram que no início do Arqueano a magnetopausa, região no espaço onde o campo magnético encontra o vento solar, ficava a cerca de 30 mil km ou menos da Terra. A magnetopausa apresenta o dobro dessa distância atualmente, mas pode mudar em resposta a explosões energéticas extremas do Sol.

“As condições estáveis de 3,5 bilhões de anos atrás são semelhantes ao que vemos atualmente durante fortes tempestades solares”, afirma Tarduno. Ele quer dizer que com a magnetopausa tão próxima, a Terra não poderia estar completamente protegida do vento solar e pode ter perdido muito de sua água. Tarduno observa que a relação entre o vento estelar, atmosferas e campos magnéticos deve ser levada em consideração quando se projeta o potencial de habitabilidade de um planeta. Ele acrescenta que o impacto do campo magnético na reserva de água de um planeta é particularmente importante.

Alguns pesquisadores discordam dos resultados de Tarduno, pois as formações geológicas pesquisadas sofreram, ao longo de tantos anos, diversas transformações mineralógicas e de temperatura. “Elas não se encontram no exato estado em que estavam inicialmente.” – afirma Peter Selkin, geólogo da University of Washington. David Dunlop, geofísico da University of Toronto, por outro lado, concorda com Tarduno. Segundo ele, “os campos de força podem ser determinados com bastante segurança para o intervalo de 3,4 milhões a 3,45 bilhões de anos atrás. E as rochas de Kaapvaal possuem a interessante propriedade de manter preservadas as características do campo magnético ao longo de anos. Segundo Dunlop, em nenhum outro lugar do mundo a Natureza foi tão gentil ao preservar tão bem portadoras do antigo magnetismo.

A famosa profecia da antiga civilização Maia, que encontrará seu apogeu no final do ano 2012, já fazia referência a alterações no campo eletromagnético da Terra. Segundo eles, exatamente nessa década em que vivemos, o campo eletromagnético do planeta sofreria alterações em sua freqüência (o que, de fato, aconteceu) e praticamente toda a humanidade ficaria então sujeita a transtornos mentais e morais (o que, de fato, também aconteceu). O que os Maias não sabiam, e que agora está sendo elucidado pela ciência, é que essa grande aventura que chamamos de vida sempre esteve intrinsecamente ligada ao campo magnético do Planeta.



FONTE: Revista Scientific American Brasil (com adaptações) Junho 2010.

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