Mirmecocoria - na reta final

Bom, estou há dois anos quebrando a cabeça,  buscando um método que comprove a hipótese da fuga do predador para espécies arbóreas que realizam a síndrome de dispersão do tipo mirmecocórica. A literatura ecológica diz nessa hipótese, basicamente, que o fato das formigas carregarem as sementes para longe da planta parental diminui a pressão por predadores (besouros, no caso específico da planta com que trabalho) e garante a germinação da semente.

Estou trabalhando com uma espécie arbórea pioneira, bastante comum nas matas ciliares de estados centrais brasileiros como MG, RJ, SP, DF, GO, MT, MS, a Croton urucurana. A Croton urucurana é uma espécie relativamente fácil de se trabalhar, já que ela é generalista, ocorre em todo lugar. Suas sementes são  minúsculas e contêm uma pequena camada lipídica, chamada elaiossomo, que é aproveitada pelas formigas dispersoras como alimento.

Acontece que essa hipótese da fuga do predador foi raramente testada em plantas que realizam essa síndrome de dispersão e nunca foi testada em árvores tropicais.

Inicialmente eu sei que tenho que isolar as sementes do predador  em um primeiro momento e também permitir o acesso do predador às sementes, para verificar e estimar as taxas de predação.  Mas como fazer isso? Bem, um autor espanhol chamado Manzaneda, esquematizou um método para testar a hipótese da fuga do predador ao longo de uma região espanhola. Para verificar as taxas de predação, Manzaneda colou as sementes nas laterais de uma caixa de fibra de vidro, de maneira que ele pode manter e contabilizar as tentativas de predação das sementes. Fiz uma adaptação do método do Manzaneda e colei  minhas 100 sementes em uma caixa e estou esperando a alguns dias para  ver se os coleópteros resolverão aparecer para tentar mastigar algumas, mas por enquanto ainda não aconteceu nada. As diferenças entre o meu método e o do Manzaneda é que o meu além de ser muito mais simples, foi feito com expectativa de alimentar alguns besouros, predador das sementes de Croton. No caso do Manzaneda ele investigava uma planta que tinha como predador das sementes uma espécie de roedor, muito mais visível e fácil de ser identificado. Eu ainda terei que examinar minhas minúsculas sementes em um estetoscópio (lente) para ver se os predadores apareceram ou não. Além disso, consegui fazer isso somente agora no inverno, quando o metabolismo da maioria dos insetos fica mais lento. De qualquer forma fiz algumas imagens da tentativa de experimento.







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