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A formiga-zumbi do whatsapp

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Os tempos são outros, estamos caminhando em pleno século XXI. Não vai haver, no Brasil de 2018, gulags ou Auschwitz, dissolução do Parlamento ou violação de propriedade privada. O Brasil é um país continental, estratégico para a ameaçada soberania da América Latina, com uma população de mentalidade predominantemente colonizada (costumo ter boa performance em língua portuguesa, mas pergunte-me qualquer palavra em Tupi-Guarani e imediatamente verá toda minha ignorância).  Não é um país pequeno, com alguma reserva natural que esteja na mira de super potências próximas geograficamente. Não é um país com tradição de conflitos armados entre facções políticas e/ou religiosas (exceção para os conflitos entre milícias armadas das favelas brasileiras, mas voltaremos nesse ponto). Não é um país com uma população majoritariamente voltada para um tipo de pensamento único, uma única religião ou ideologia, tampouco fundamenta sua economia em um tipo único de atividade ou recur

Eu, o Mausoléu de Lenin e a blasfêmia do decálogo.

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       No final de 2013 estudando para o mestrado conheci Mikhail Bakhtin, filósofo da linguagem russo e marxista, que já teve sua participação aqui nesse blog: ( http://redmosquito-neto.blogspot.com.br/2014/04/circulo-do-bakhtin-capitulo-ii-o.html   http://redmosquito-neto.blogspot.com.br/2013/03/da-serie-circulo-do-bakhtin-capitulo-i.html ) e esse filósofo da década de 20 abriu minha cabeça e mudou minha maneira de me relacionar comigo mesmo e com o mundo. Em Filosofia da linguagem e marxismo, Bakhtin em certo trecho fala sobre a visão de mundo - cada linguagem adquirida dá ao cérebro uma nova capacidade de enxergar e de se relacionar com o mundo. Inspirado por essa frase, deprimido e querendo encontrar qualquer terapia ocupacional, vi umas palavras estranhas no livro e resolvi decifrá-las: decidi estudar língua russa, que era algo absolutamente diferente de tudo que eu conhecia e que supostamente viria a me dar uma visão de mundo completamente nova.           Entrei no mestrad

Corpo sem órgãos

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Talvez eu queira estourar meus pulmões de tanto fumar. Derreter o fígado de tanto beber. Arrebentar a laringe de tanto gritar. Abarrotar o estômago de tanto comer, estraçalhar o coração de tanto quebrar, entortar a coluna de tanto andar, lotar o cérebro de muito estudar, os olhos se gastarem de tudo querer ver, os dedos se cortarem de tudo querer fazer. Estou e sempre estive mesmo sem saber que estava, em busca do Corpo sem Òrgãos. Artaud pensou nessa ideia em 1947 quando resolveu se opor aos órgãos, pois esses traziam peso, confusão e ao se integrarem a um organismo passam a ser instrumentos controláveis. Baseado nessas ideias, Gilles Deleuze e Felix Guatari desenvolveram o conceito de Corpo sem Òrgãos (CsO) em suas obras O anti-édipo e Mil Platôs (Vol. 3 Como criar para si um corpo sem órgãos).  O Corpo sem Òrgãos está na imanência do desejo, é potência criadora. Ele não é um espirito, não está pronto e ao mesmo tempo é pré-pronto. É o que se preenche por intensidades e material

Círculo do Bakhtin: Capítulo II O biólogo Kanaev e Bakhtin

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                           O campo da Biologia ocupava uma posição de certa proeminência na União Soviética durante os anos 20. A relação entre a teoria da Evolução e o Marxismo eram intensamente debatidas e questões biológicas pairavam amplamente entre os marxistas e demais partidos russos. De acordo com Zhores Medmedev, o período entre 1922 e 1928 constitui os "anos de ouro" da ciência russa. Sob a nova política econômica de Lenin, houve um acréscimo significativo nos fundos disponíveis para pesquisa científica e educação, e uma explosão semelhante nas publicações científicas. No final dos anos 20 os primeiros expurgos contra cientistas começaria e a ciência entrava em um período de crise crescente. Com a ascensão do Lysencoismo, os anos 30 veriam uma aceleração dessas medidas, além do contato cortado entre a ciência soviética e suas contrapartes estrangeiras. Mas no começo dos anos 20 os cientistas soviéticos eram conhecidos por estarem na ponta de áreas como pesquisa ge

Um pouco de Filosofia da Biologia

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                    I ndependentemente de acreditar em Deus ou em Darwin, eu consigo crer na Vida! Observando aqui o padrão de crescimento de uma muda de espada de São Jorge que minha mãe me deu, uma muda que agora já está até grandinha, mas que começou como um pedaço de planta que foi retirado de outra planta que é cultivada há exatos 31 anos, desde que nasci, comecei a refletir sobre o quanto a Vida está acima de tudo, o quanto se faz presente nesse planeta, estando conectada geração após geração, desde uma célula primitiva, coacervada, nos primórdios do planeta até os dias de hoje, numa cabeça pensante que reflete sobre si mesma ou numa planta com a incrível capacidade de crescer a partir de um pedaço de si mesma, e tudo isso através de uma ligação qu e todos nós, seres viventes, temos desde o início dos tempos: o DNA. Eu sento, bebo um café e fico silenciosamente conversando com essa plantinha, que é praticamente uma versão vegetal de mim mesmo. Tão bonito o padrão de crescimen

A História do Corpo - parte II - Corpo e Mídia

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                  Nós temos alguma espécie de câmera ou olho interno que nos permite ver o próprio corpo e os processos que ocorrem dentro dele ou construímos esses modelos mentais a partir das representações, desenhos, imagens, aulas e observações com que interagimos?           As representações são convenções visuais, signícas que expressam alguma realidade ou esquematizam algum modelo científico.        "Para Jodelet (1986) e Moscovici (1978), as representações sociais são formas de conhecimento do mundo, construídas a partir do agrupamento de conjuntos de significados que permitem dar sentido aos fatos novos ou desconhecidos, formando um saber compartilhado, geral e funcional para as pessoas, chamado de senso comum. Jodelet (1984) enfatiza a importância do estudo do corpo a partir da perspectiva das representações sociais, pois estas assumem um papel importante na elaboração de maneiras coletivas de ver e viver o corpo, difundindo modelos de pensamento e de comportamento