Os roteiristas dos X-men estavam certos?

       Os X-men, personagens fictícios da Editora norte-americana Marvel, são um grupo de super-heróis, criados por Stan Lee em 1963 e que geram excelentes debates em Biologia. Esses quadrinhos e/ou filmes e desenhos da franquia, são interessantes para se trabalhar em aulas de Bio porque seus protagonistas são mutantes,  seres geneticamente modificados que desenvolvem poderes. Esse é um dos pontos que podem ser tornados como ferramenta didática da Bio, afinal o que é um mutante? Qual a importância da mutação para a Evolução das Espécies? Por quais mecanismos ela ocorre? Outro ponto bacana da franquia que pode ser trabalhado em sala de aula (aliás é o que sempre alimentou minha paixão, desde criancinha, por esses personagens) é que eles são párias da sociedade. Os personagens são odiados, perseguidos e temidos simplesmente por serem pessoas diferentes. Qualquer semelhança com nossa realidade excludente seria mera coincidência? A partir de qualquer história onde os mutantes são perseguidos, pode-se iniciar um excelente debate sobre a existência ou não de raças e sobre a conceituação de espécies e se essa diferenciação de raças se aplica à espécie humana. Os negros, no passado, assim como os homossexuais (em algumas análises bizarras), foram e são tratados como os mutantes, sendo perseguidos, oprimidos, excluídos, simplesmente por serem diferentes do que foi convencionado  como "normal". 

         Evolução é um tema recorrente na história. Isso pode ser trabalhado em aula, partindo do ponto da mutação e também com algumas histórias especiais da franquia que mostra a Evolução da Espécies (Com alguns erros conceituais, mas que podem ser corrigidos por uma intervenção correta.)(X-men: E de Extinção). Na história, os humanos temem os mutantes, porque o "Homo sapiens superior" é mais forte e supostamente tem potencial para exterminar o Homo sapiens, mas o Professor Charles Xavier, com todo seu arsenal de poderes e princípios morais, sonha em unir as duas espécies e treina algumas pessoas para perpetuarem seu sonho de paz. Mas aí surge o Magneto, arquiinimigo dos X-men e um vilão que é um excelente contraponto que fomenta a discussão. Mutante e traumatizado pelo holocausto nazista, Magneto quer mais é que o Homo sapiens deixe de existir, porque segundo ele os superiores devem reinar. Assim, ele treina sua Irmandade de Mutantes, para guerrearem contra a humanidade, sob o pretexto de que os mutantes são o próximo estágio da humanidade e que deverão exterminar o Homo sapiens assim como o Homo sapiens exterminou o Homo neanderthalis.
         Opa, mas para tudo agora!
         Pause.
         Tempo pra reflexão...
         O Homo sapiens realmente exterminou o H. neandertalensis?
       Fui buscar uma resposta para essa pergunta e encontrei um universo de informações, que vou tentar resumir. 
         Bem, primeiramente, posso dizer que a ideia antiga, inclusive difundida pelo Magneto, de que a Evolução Humana, ou das Espécies, foi um processo linear, onde existe um organismo inferior e um superior, bem, isso caiu por terra. Não há uma linha reta, onde uma espécie sucede a outra. Há, na verdade uma árvore, com vários grupos se interrelacionando e as espécies nas pontas. Alguns autores dizem que a Evolução Humana teve tantas descobertas nas últimas décadas que é mais uma moita do que uma árvore. O que existia, há cerca de 3 milhões de anos, quando surgiu o primeiro H. sapiens era uma uma gaaaalera (uma diversidade com aproximadas 20 espécies)  de hominídeos, alguns convivendo entre si, outros ocupando diferentes hábitats. Existiram várias espécies hominídeas que conviveram entre si e o ancestral direto do H.sapiens é incerta, sabe-se apenas que é alguma espécie aparentada com os australopithecus, gênero de nossa querida Lucy (A.afarensis). Muitos hominídeos se extinguiram por causas naturais: isolamentos geográficos, geleiras ou desgelo abrupto, aquecimentos globais ou escassez de alimentos. Mas, sim, H. sapiens e H.neandhertalis se encontraram em algum momento da história evolutiva da humanidade e esse encontro se deu lá na Palestina, segundo Walter Neves, antropólogo da USP. "Esse furdúncio que existe hoje na Palestina, já existia há 100 mil anos."
          Costumam (como fruto de um pensamento antropocêntrico que perdura até hoje) uma tendência a dizer que a inteligência surge em H. sapiens, mas nessa época dos primórdios, quando as duas espécies conviveram, o arsenal tecnólogico das duas espécies era exatamente o mesmo. Suas ferramentas eram praticamente idênticas e cada espécie demarcava um território: H.sapiens na Asia e H.neandhertalis na África. E ai de quem pisasse no território do outro!
            Mas foi então, que a 50 mil anos, o H.sapiens passou por uma mutação e teve um "clique" no cérebro que passou a permitir que ele imaginasse um mundo além do mundo real. É aí que surgem as representações simbólicas (a realidade não era mais apenas o que é imediatamente concreto e palpável, ela podia ser representada, o campo podia ser representado em uma caverna), e dá-se o nascimento da linguagem! (Putz, fator que favoreceu a extinção da outra espécie.)
               O H.sapiens então percebe que seu arsenal tecnógico também podia se expandir em suas formas e representações e assim começa a desenvolver a cultura, com utensílios utilitários, novas lanças, novas armas... A arte só surge 40 mil anos atrás, com esse estalar do H. sapiens primitivo. 
               Se por um lado alguns pesquisadores acreditam que houve uma mutação no cérebro humano que permitiu as inovações tecnológicas da idade da pedra, por outro, existem cientistas que não acreditam nessa teoria. Acreditam que sempre existiu um potencial para a cultura na espécie e que esse potencial é despertado quando a situação aperta, nesse caso, com mudanças climáticas graves que forçaram o homem a mudar de vida. 
              Agora, com arsenal renovado e depois de terem conquistado novas partes do mundo, como o Sudeste Asiático e a Austrália, o H.sapiens estava pronto para enfrentar o H. neandhertalis que reinava no norte da Europa. 
                  O H. sapiens de fato foi dominando território, desenvolvendo armas mais eficientes, e aos poucos foram substituindo os H. neandhertalis.  Mas há muita controvérsia quando pesquisamos sobre o assunto. Alguns pesquisadores dizem que havia muita semelhança entre as duas espécies, que chegaram a trocar hábitos culturais (como o artesanato) e a transarem uma espécie com a outra! Os neandertais eram mais adaptados ao frio, tinham ossos mais fortes e transpiravam menos, mas os sapiens tinham armas melhores, eram mais eficientes na hora de caçar. Nunca encontraram sinais de um conflito direto, nenhum fóssil de neandertal com alguma fratura com marcas de armas dos sapiens. Isso nunca encontraram. Mas pela inteligencia ao utilizar ferramentas para sobreviver a população Sapiens foi se instalando, tomando espaço e gradativamente substituindo a outra. Pelo que entendi foi a competição inter-específica que fez com que uma espécie substituisse e eliminasse a outra. Mas não era uma competição como entedemos hoje nesse nosso mundo, com armas, guerras, genocídios... Foi simplesmente uma melhor adaptabilidade de uma espécie enquanto a natureza se ocupou em eliminar a outra.
                  Conclusão: Magneto estava errado! 
                  Portanto crianças, sigam o sonho do Professor Xavier.



ABAIXO UM POUCO DA ARTE DOS PRIMEIROS H. sapiens.
(São felinos lindos.)





Fontes: Artigos das revistas Superinteressante e Scientific American e sites diversos.









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