ANÁLISE DO CURRÍCULO ESCOLAR DAS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS.

ANÁLISE DA FORMAÇÃO DO CURRÍCULO ESCOLAR DAS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS.
Waldir Neto


No texto “A metáfora do rizoma: contribuições para uma educação apoiada em comunicação e informática”, as autoras Eliana Povoas de Brito e Gertrudes Dandolini expõem algumas mudanças necessárias para a criação de um currículo para os cursos de graduação que se adapte à demanda tecnológica da sociedade contemporânea. As autoras gaúchas são professoras de cursos de graduação modalidade EAD e portanto lidam com recursos tecnológicos constantemente.

O artigo sugere uma ruptura no modelo curricular linear e propõe uma estrutura curricular onde as disciplinas se entrelaçam, como uma rede de conhecimento, em rizoma. O texto questiona a interdisciplinaridade, que apesar de ser proposta por muitas instituições e educadores e tão debatida, na prática percebe-se que as disciplinas e as áreas de conhecimento se “compartimentalizam” cada vez mais.

O modelo curricular linear vigente é fruto de uma racionalidade hegemônica positivista (machista?). Existe um poder, segundo Focault, que acredita ser mais “rentável” vigiar do que castigar. Seria esse poder o capitalismo? Atravessando todas as relações humanas e chegando mesmo a determinar o tempo escolar com resquícios de regimes autoritários (como o militarismo) que são refletidos na escola moderna como sanções disciplinares “tradicionais” como manter os alunos presos em sala de aula, ter o professor como autoridade e “detentor do poder”, aulas compartimentalizadas em matérias isoladas e em tempos de 50 minutos.

As teorias educacionais contemporâneas trouxeram uma crise da modernidade que questiona a linearidade e permite diversas rupturas. Agora, o Homem é o centro e uma das forças criadoras do conhecimento e sendo uma das forças a identidade do homem deixa de ser o centro e suas diferenças passam a ser a força orientadora. Em aula pensei em questionar o CBC do estado de Minas Gerais, que traz como um dos primeiros temas a ser ensinado a estudantes do primeiro ano do Ensino Médio, a Ecologia, assunto que no currículo antigo era estudado no terceiro ano, quando já havia se introduzido assuntos correlacionados que supostamente levariam à uma melhor compreensão dos fenômenos ecológicos, assuntos como zoologia e botânica. Quais seriam as forças que ocasionaram essa inversão de currículo? Ao ler no texto que a diferença entre os homens é uma das forças orientadoras fiz uma associação com a idéia de biodiversidade (que garante variado patrimônio genético). A diversidade humana também garante um trabalho mais bem feito? A inserção de um currículo que contemple a diversidade étnica humana, com sua multiculturalidade, garante uma melhor aprendizagem desse conteúdo? (Ecologia para o primeiro ano, que da maneira que foi organizado pelo CBC é reconhecido por alguns professores como um conteúdo o qual os alunos não tem base para aprender.). Uma vez que o currículo em rizoma contempla diversas disciplinas entrelaçadas sem fronteiras entre si, essa forma de organização curricular, se fosse adotada pelas escolas de Ensino Médio, serviria como uma metodologia para a facilitação da aprendizagem dos estudantes. No caso da Ecologia, em um currículo em rizoma, o aluno deverá ser capacitado para perceber que em uma cadeia alimentar estão atuando simultaneamente princípios da química, da física, da botânica e da zoologia (e se expandirmos a idéia – da língua portuguesa para descrever o fenômeno, da matemática para compreender a perda de 10% de energia que ocorre a cada passagem de nível trófico, das Artes para ilustrar o fenômeno em um livro didático, sociologia se analisarmos a ação humana sobre essa teia alimentar). Os fenômenos naturais não acontecem separadamente a cada intervalo de 50 minutos. Acontecem juntos, ao mesmo tempo e é importante o estudante ter essa percepção.

O texto ilustra uma discussão que tivemos em sala de aula: a TV como uma forma de informação massificante X a internet, como uma ferramenta de informação onde quem absorve essa informação também pode interagir e até construir uma “tribo” própria. É apresentado um esquema de como implementar o currículo em rizoma, um modelo onde as disciplinas estão todas entrelaçadas, interconectadas.

A parte do livro “PCN + - Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Nacionais” que propõe mudanças curriculares para construção de uma nova escola entra em consonância com a discussão que tivemos em aula, na disciplina de Instrumentação para o Ensino de Biologia, quando diz que uma nova escola não quer dizer um projeto de um prédio novo (o que também não é ruim), mas o mais importante é um projeto que vise a qualidade das relações humanas. A nova escola tem como centro a vida de seus participantes, suas expectativas, seu conhecimento prévio e suas potencialidades.

O texto diz que é necessário sempre considerar a realidade do aluno (sem dúvida) e evitar introduzir novas disciplinas ou complicar as que já existem pois o aprendizado não ocorre em situações de aula mas através de outras práticas. Achei estranho o PCN reconhecer a introdução de novas atividades como uma “complicação de disciplinas que já existem”. É claro que existem objetivos a serem alcançados pelo educador, mas a introdução e experimentação de novos métodos pode inclusive facilitar o alcance desses objetivos.

Na parte em que o texto propõe algumas metodologias para trabalhar a interdisciplinaridade em diversas disciplinas, quando sugere métodos da disciplina História, diz que o professor deve contextualizar historicamente o desenvolvimento do método científico. Qual a força por trás desse tipo de sugestão? A interdisciplinaridade está servindo apenas para preparar o estudante para lidar com a ciência?

É impressão minha ou o PCN + está todo focado no sentido de enaltecer a ciência e o desenvolvimento econômico? Esse assunto cruzou os exemplos de práticas interdisciplinares praticamente em todas as disciplinas? E onde está a humanização da proposta?

Gostei da parte que traz exemplos de temas que são transversais mas que estão desarticulados dentre as disciplinas. O livro dá o exemplo dos conceitos de energia, trabalhados de maneira diferente pela Química, pela Física e Biologia. O livro fala também sobre o conceito de Identidade, identidade do aluno, ou identidades as quais o aluno deverá se confrontar. É um assunto comum à Psicologia, à História, à Filosofia e à Sociologia, mas no entanto cada uma dessas disciplinas tem um método diferente para tratar esse tema e geralmente sem levar em consideração que o estudante é a principal identidade a ser ali trabalhada, pois é a força criadora da sociedade contemporânea e futura, como vimos no texto que apresenta o currículo em rizoma.



Comentários

  1. Neto querido que saudades!!!! assisti seu video, vc está com a voz super grossa! Nunc fiz no blog, tenho vergonha, pode?! Bjocas

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